MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO: Uma oportunidade para o Brasil?

A cada ano a preocupação com os recursos naturais, meio ambiente e o desenvolvimento mundial, pautado principalmente em sustentabilidade, vem aumentando gradativamente. Nessa linha de raciocínio surge o mercado de créditos de carbono, que são “títulos” equivalentes a uma tonelada de CO2 utilizados para mensurar a redução ou consumo de carbono provenientes da indústria, produção de bens de consumo, dentre outros.

O mercado de créditos de carbono consiste basicamente em um agente superavitário (aquele que pratica políticas de redução de emissão de gases do efeito estufa – GEE) e um agente deficitário (aquele que não reduz a emissão de gases do efeito estufa). A relação desses agentes é dada como uma forma de compensação de um pelo outro, buscando manter e, possivelmente, reduzir a quantidade de GEE emitida em todo o globo.

“O comércio de emissões é um sistema global de compra e venda de emissões de carbono, baseado no esquema de mercado cap-and-trade. A expressão cap-and-trade, que na tradução livre seria algo como “limite e negociação”, é usada para denominar um mecanismo de mercado que cria limites para as emissões de gases de um determinado setor ou grupo. Com base nos limites estabelecidos, são lançadas permissões de emissão e cada participante do esquema determina como cumprirá estes limites. As cotas (ou permissões) de emissão podem ser comercializadas, ou seja, aqueles países (ou firmas) que conseguem emitir menos do que foi estabelecido a eles podem vender o excedente àqueles que não conseguiram (ou não quiseram) limitar suas emissões ao número de cotas que tinham” (http://www.brasil-economia-governo.org.br/2012/08/13/o-que-e-o-mercado-de-carbono-e-como-ele-opera-no-brasil/)

Em tese parece um mercado simples, porém nunca é. O grande problema do mercado de carbono é a própria negociação desses certificados entre os players. Os créditos de carbono não são criados com foco único e exclusivo para a negociação, pois a grande maioria dos projetos de desenvolvimento sustentável (possíveis geradores de crédito – agente superavitário) usam os créditos como um dos elementos de receita, portanto se o custo da energia convencional for mais atrativo que a energia limpa os créditos serão deixados em segundo plano.

Outro ponto a destacar é a baixa cadência da negociação entre os países. Países vendedores demandam uma maior solidez nas negociações com os países compradores para manter o investimento em pesquisa, tecnologia, desenvolvimento, equipe e etc. para conseguir perpetuar o mercado de crédito de carbono mundial.

O Brasil é hoje uma das maiores apostas em relação ao futuro da indústria sustentável e a criação de créditos de carbono. Os principais pontos levantados por Elizabeth Carvalhaes em entrevista para a revista Exame são:

1)Acordo de Paris

O Acordo de Paris, na COP 21, foi assinado por 195 nações que agora precisam de alternativas para cumprirem suas metas. Muitas dessas alternativas passam pela substituição de combustível fóssil por energia limpa, e isso tem a ver com madeira, capaz de prover insumos como a lignina e fornecer combustível limpo a partir do manejo sustentável. E nós temos madeira.

2) Serviços ambientais

O Brasil tem a vantagem de possuir além das opções de combustível limpo, também as florestas, que removem carbono. A maior parte dos países não tem um nem outro e poderão precisar comprar créditos de carbono do Brasil. O Brasil tem a chance de entrar com tudo neste mercado oferecendo serviços ambientais.

3) Regulamentação

O governo já começou um processo de estudo do mercado doméstico de carbono e o Brasil tem grandes chances de liderar a regulamentação desse serviço, que hoje funciona basicamente como mercado voluntário. Se o país se comprometer com políticas públicas nesse sentido será um exportador dessa nova commodity que são os créditos de carbono.

Desta forma, o mercado de carbono é uma alternativa para a prosperidade mundial no sentido de manter os recursos naturais em níveis aceitáveis, mantendo o planeta vivo e produtivo. Além disso, o Brasil se souber aproveitar as oportunidades deste mercado poderá lucrar muito e contribuir para o bem-estar mundial.

MAPA INTERATIVO - MERCADO DE CARBONO