Black Monday: O mercado a beira de um colapso




Durante o desenvolvimento do mercado financeiro mundial houveram dias decisivos que serão lembrados para sempre. Um desses dias foi denominado como “Black Monday” (Segunda-feira Negra), um dia que mudou a forma de se operar no mercado e que custou milhares de dólares aos investidores.
No dia 19 de outubro de 1987, as bolsas de valores ao redor do mundo despencaram a níveis jamais vistos, somente o índice Dow Jones, principal índice da bolsa de valores Norte Americana, caiu mais de 22% neste dia. O impacto mundial tão grande que para alguns esse dia foi marcado como uma quebra e um divisor de águas no mercado financeiro global.
Para compreendermos melhor o que aconteceu devemos voltar alguns anos antes, para o início da década de 1980. Neste período a economia americana passava por uma onda de instabilidade, principalmente no âmbito de concorrência no mercado internacional, quando países europeus e asiáticos começaram a ganhar mercado devido ao baixo custo oferecido resultante do uso da alta tecnologia produtiva presente naquela época.
Como resultado dessa perda de competitividade o dólar começou a se valorizar cada vez mais em paridade com as demais moedas no mundo, dificultando ainda mais a ampliação do mercado externo via exportações.
Essa situação econômica se estendeu até 1985 quando a economia norte americana começou a apresentar uma rápida recuperação em uma onda sem precedentes de aquisições das empresas e expansão do mercado de títulos.
Nessa euforia de crescimento as empresas começaram a alavancar-se via emissão de títulos de dívida (uma pratica realizada para a capitação de recursos) e o mercado de capitais passou a acompanhar esse crescimento, sendo que em apenas 8 meses deste mesmo ano, o índice Dow Jones já tinha subido mais de 40%.
Foi então que o mês de Outubro chegou e os mercados iriam sofrer duras perdas, as quais só foram vistas na grande quebra da bolsa em 1929. Durante a primeira quinzena de Outubro os índices do mercado financeiro começaram a ‘derreter’ por vários dias consecutivos, motivado principalmente pela saída de vários investidores da bolsa de valores por uma incerteza quanto à capacidade das empresas em corresponder com o seu valor em bolsa, principalmente pelo movimento eufórico de aquisições baseados na alavacangem financeira outrora comentado.
Outro ponto que impulsionou as perdas no mercado neste dia fora o ataque iraniano aos navios petroleiros americanos próximos ao Kuwait. Tal evento apontou um aumento significativo no risco de um conflito eminente entre os países e consequentemente impactou diretamente na incerteza no mercado financeiro global, principalmente nos preços do petróleo.
Por fim, o último elemento que compactou com o caos vivido na segunda feira negra foi o uso intensivo de programas para negociação em alta frequência, ou seja, programas de computador que disparam ordens de compra e venda de ativos no mercado de capitais em linha com uma estratégia determinada.
Nesta época o mercado vivia uma grande expansão da tecnologia, principalmente no desenvolvimento de computadores de uso pessoal. Com essa tecnologia disponível, os agentes de mercado passaram a intensificar seu uso para aumentar a frequência de operações e a assertividade nas estratégias, sem a necessidade de ter uma pessoa por trás de cada operação.
Assim quando o mercado abriu no dia 19 de Outubro de 1987 houve um pânico total, a somatória das incertezas do mercado, dos ataques aos navios petroleiros e do colapso nas estratégias automatizadas (uma vez que perderam todo referencial que tinham em suas diretrizes) resultou em uma queda sem precedentes em praticamente todos os índices financeiros mundiais. O impacto foi tão grande que muitos índices demoraram anos para voltar aos níveis pré Black Monday.
Muito ainda é discutido sobre a causa central da segunda-feira negra, mas a ideia central que podemos retirar desse evento é que uma única onda de pânico generalizado unida a eventos independentes pode ser o suficiente para levar o mercado financeiro ao colapso.
Dias como estes ficam para a história no mercado, mostra que independentemente do tamanho de uma determinada economia ela nunca será grande demais ou desenvolvida demais para quebrar, mas mostra os caminhos para o desenvolvimento de novas formas de operação e de blindagem para dias como estes, fazendo com que o mercado não fique à mercê do caos.

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